terça-feira, setembro 16, 2008

Entrevista Inbeat: Elson Cabral

DJ Elson Cabral

Well, hoje vou fazer um post de auto-promoção... Mas vocês verão que é bem interessante !

Vou primeiro a explicação: Meu chapa, Felipe MD, pediu uma entrevista para o site INBEAT, no qual ele é colaborador... Aí mandei bala... Ele me pediu pra ficar a vontade nas respostas e eu fui viajando no tema... Que tema ? House Music ! Confiram aí...

Inbeat – Como começou seu interesse por Música Eletrônica?
Elson - Bom, lembro de quando era moleque, sempre gostei de Disco Music, mas nem tinha noção do que era, então na minha pré-adolescência ganhei discos dos Beatles e do Michael Jackson. Um primo meu, era DJ de bailes Black... Aí comecei a ouvir Chic, Brass Construction, Earth, Wind & Fire entre outros... Então, com o estouro euro-house aqui em São Paulo na década de 90, passei a me interessar por música eletrônica.

Inbeat – O que te influenciou a tocar House Music?
Elson - Na década de 90, quando comecei a trabalhar, sempre tinha um dinheiro sobrando pra ver alguns shows e, um desses shows foi do Noel, que tinha sucessos como Silent Morning e Like Child nos Top Lists de muita rádio aqui em São Paulo. Aliás, os anos 90 foram essenciais para a cultura DJ. Existiam muitos eventos com Djs nessa época. Daí de assistir para pegar o gosto da coisa foi um pulo. Sem falar que, com alguns amigos, sempre fizemos bailinhos em escola, em casa, garagem... Aonde dava pra fazer barulho, estávamos lá. Quando parei de tocar por alguns anos, época da faculdade me interessou pela então Garage e alguma coisa pré-Drum & Bass, o jungle. Interessei-me pela House pelo tom orgânico das produções e pela semelhança com clássico disco.

Inbeat – O que você escuta além de Música Eletrônica?
Elson - Sempre fui eclético. Desde de muito novo minha mãe me dava discos de presente. Meu pai escutava Altemar Dutra, minha mãe Alcione, Clara Nunes. Escuto de pop-rock a MPB, não tenho muita regra não. Só não gosto do popularesco do momento. O Brasil é multi-cultural, mas conhecemos o que tem ou não valor.

Inbeat - Como você analisa a cena atual da House Music? Qual a principal diferença de hoje, em relação a quando você começou a tocar?
Elson - A House Music sempre foi e sempre será o mais harmonioso sabor da Música Eletrônica. A grande e principal diferença de quando comecei a tocar são os arranjos. Hoje eles são muito mais orgânicos do que no início da década de 90. A incorporação de instrumentos reais trouxe mais riqueza para a House Music.

Inbeat – Alguns Djs internacionais prevêem a volta da House Music e outros anunciam a sua morte, em relação a forte onda de outros estilos musicais, como o Electro e o Minimal. Como você analisa esse fato?
Elson - Hoje é consenso mundial, mesmo de Djs especializados em Electro e Minimal, à volta às origens, eu diria, desses subgêneros. Por ter toda uma estrutura complexa e harmônica, com a presença de músicos (ou não!), a House Music seria uma saída mais rica ao Electro e Minimal. Todos os gêneros têm suas peculiaridades e, mesmo em versões mais grooveadas, Electro e Minimal não se comparam às boas e velhas bases da House Music. Não quero aqui por mais lenha na fogueira de vaidades e eternas brigas de gêneros musicais, mas até outro dia músicos não conviviam tão bem com Djs, muito menos com produtores de música eletrônica, hoje em dia, com as facilidades técnicas para estúdios e Live PAs, vemos mais e mais DJs/Produtores e Músicos unidos pela House Music, fazendo faixas e eventos incríveis.

Inbeat – O que falta para São Paulo e outros centros culturais do Brasil voltarem a ter uma cena sólida de House Music?
Elson - Boa pergunta. Penso que a cultura brasileira é mais hard. O target de festas eletrônicas é um público contrário ao público houseiro, que tem em média seus 30 anos. O que falta para a cena house é o que falta para todo segmento cultural nesse país: Apoio! Existe um público fiel para todo segmento eletrônico no país inteiro. É natural que existam seguimentos novos sendo criados toda semana, mas a House Music sempre esteve aí. Falta apenas foco em qualidade e não quantidade de público em eventos... Mas isso é uma história bem extensa, e quem sou eu pra tentar ser o dono da verdade... Apenas vou tocando meu som e tentando trazer o maior número de simpatizantes da house para seu devido lugar. A pista !

Inbeat – Quem são seus Djs nacionais preferidos?
Elson - Não quero cometer aqui nenhuma gafe... Dos consagrados, gosto do tom Tech House do Ricardo Guedes e da minha levada admiro muitos DJs: Anderson Soares, Badinha, Rafael Yapudjian, Claudio Mansur e meu amigo Farroupa Daniel Dalzochio. Mas tem uma galera boa por aí... Lugar bom é lá na comunidade do Orkut House Music Brasil! Lá temos grandes DJs com grandes sets... Do criador da comunidade, Jeff Char entre outros grandes amigos: Rodrigo 2U, Raffael San, Léo Machado, Rodrigo K, Teiti... Putz, a lista é grande demais!

Inbeat – Temos grandes nomes da House Music nacional, como: Anderson Soares, Jamanta Crew, Nego Moçambique, Memê, etc...Qual produtor você apontaria como o futuro da House Music brasileira ?
Elson - Do interior de São Paulo virá muita coisa boa. De Taubaté, o pessoal do Brazilian Soul Crew, com o Drum Machine Zee, e o suporte da Grooveland. Os “irmões colors” Wander A e Wagner J, o pessoal do Kizum com o Rafael Moraes. Tem também o Jarrier Modrow... Tem um projeto do Marcel, engatinhando também: o Airlounge... Enfim, tem muito brasileiro bom aí nessa área. Além dos já consagrados. Qualquer hora até eu entro nessas de produção, quem sabe ?!?

Inbeat - Qual o futuro da House Music?
Elson - A House Music é o menos mutável dos sabores da música eletrônica. Claro que a partir dela, criam-se novos subgêneros, que continuarão surgindo... Mas acredito que o futuro da House Music terá uma presença maior de brasileiros, afinal nossa cultura rítmica ajuda bastante e que a interação produtores/djs/músicos veio realmente pra ficar... Tanto a linha NY, mais orgânica, como a linha Chicago/Jackin terá maior congruência. O Groove é a alma da House... Procurem vídeos de Chuck Love, Tortured Soul ou Rasmus Faber no YouTube, aí vocês poderão ver algo bem interessante para um futuro próximo. O DJ sempre terá seu espaço, mas a união faz a força! E demos força a House.

Inbeat - O que os ouvintes do Inbeat podem esperar de um set de Elson Cabral?
Elson - Na verdade não tive tempo de fazer um set exclusivo para a Inbeat, então disponibilizei um dos meus sets mais recente, com boas faixas. Nos meus sets eu sempre procuro fazer uma mescla de deep, soulful, disco e funky house. Venho gradualmente introduzindo algumas faixas jackin, pra manter o groove lá em cima, vida longa a House Music. Interessou-se pelo meu set? Dê um pulo no meu site e veja/ouça outros sets, deixe recado, mande e-mail...

Inbeat

Entrevista por Felipe MD para o Site InBeat
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